Então não estranhe se você ver algum agente usando colete do IBGE na rua: estão sendo feitos retornos aos domicílios com moradores ausentes, que ainda não foram entrevistados pelo Censo. Mesmo com 100% da cobertura do território santa-mariense alcançada nos setores urbanos e rurais, é necessário contabilizar ao máximo a população da cidade; por isso os retornos.
Recenseadores farão retornos aos domicílios pendentes na Etapa de Apuração do Censo. Foto: Nathália Schneider (Diário)
Também acontece ao mesmo tempo a Pesquisa de Pós Enumeração (PPE), que tem como objetivo checar se houve alguma falha na coleta realizada pelo Censo. Nela, há recenseadores, também uniformizados com colete e crachá, aplicando questionários. Vale reforçar que os questionários aplicados pela PPE são diferentes do Censo e ambos devem ser respondidos pela população.
Além do retorno em locais pontuais, supervisores seguem com trabalho de supervisão, checagem e refinamento do que foi coletado. Os primeiros dados devem ser divulgados em abril.
Dificuldades e cortes durante a operação
Iniciado em agosto de 2022, o Censo tinha previsão de acabar em outubro do mesmo ano. A operação começou com um número de recenseadores longe do ideal (segundo o coordenador Mario de Àvila, cerca de 100 agentes a menos do que foi projetado) e essa quantidade baixou ainda mais ao longo do trabalho, pois houve atraso no pagamento e muitos desistiram. Com um grande déficit na equipe externa, o trabalho seria prolongado; a coleta chegou ao fim somente em fevereiro deste ano. E essa prorrogação trouxe consequências.
Com um orçamento limitado, foi necessário fazer cortes na equipe para que os custos com toda a operação não extrapolassem: atualmente, há somente 4 Agentes Censitários Supervisores (ACS) e 1 Agente Censitário Municipal (ACM). No mês de junho de 2022, quando o time responsável pela operação recebeu treinamento, eram 28 ACS e 4 ACM’S. Outra situação delicada é o local de trabalho, chamado de Posto de Coleta. Em março do ano passado, a UFSM, através de um convênio com o IBGE, cedeu o terceiro andar do prédio da Antiga Reitoria, na rua Floriano Peixoto, para a instalação da equipe; mas o contrato acabou em fevereiro de 2023. Por isso, a permanência dos agentes no local é incerta a partir de agora.
Posto de Coleta é local de trabalho de ACS, ACM e equipe administrativa do Censo. Foto: Nathália Schneider (Diário)
Recusa e desconfiança da população
Além da constante redução da equipe, outro desafio dificultou o encerramento da operação censitária: recusas e ausências. A recusa nada mais é quando o morador se nega a responder o questionário; ausência é quando o morador não é encontrado em casa no momento em que o recenseador passa lá. Nessa segunda situação, esse endereço é confirmado, mas a aplicação do questionário fica pendente; é necessário diversos retornos, em diferentes turnos do dia, fins de semana ou nos feriados até encontrá-lo em casa. Edifícios e condomínios são o maior desafio no momento.
A desconfiança e a falta de informação da população contribuem com as recusas, pois as pessoas acreditam que os dados serão vazados ou repassados a outros órgãos; a identidade do recenseador também é questionada muitas vezes. Vale lembrar que o Censo é amparado pela Lei nº 5.534/1968, que torna obrigatório responder os questionários e também garante o sigilo das informações prestadas.
Saiba identificar um agente do IBGE
Recenseadores e supervisores estão identificados com colete azul marinho, boné e crachá. Justamente no crachá há um QR Code, que redireciona para o cadastro desse funcionário diretamente no site do Instituto. Se a desconfiança bateu, é só aproximar a câmera do celular, escanear o código e confirmar a informação.
Não foi recenseado?
Quem ainda não foi recenseado pode entrar em contato pelo Disque-Censo: 0800 721 8181. Para mais informações ou esclarecimentos de dúvidas, a agência do IBGE fica na rua Doutor Pantaleão, número 39, no Centro.
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